Dificilmente me lembro de coisa tão triste, como um barco a morrer. Humanizamos os barcos com nome de gente. Invocamos lugares, santos de especial devoção. Bazptizamos os barcos com emoção e ditreito a madrinha. Fazemos dos barcos extensões de nós, na vontade de enganar o mar. Umas vezes humildes, os barcos são apenas pobres embarcações quase de brindeira (como se fosse possível brincar com o mar). Outras vezes altaneiros, não resistimos à titaniquização.
Os barcos morrem sempre da mesma maneira: sozinhos! Resta apenas a fé: confundida com desejo, olhamos para um barco moribundo e pensamos que ainda é possível pô-lo a navegar.
A Mariana ardemar escreveu, a 19 de Março ( no dia do Pai), que os "barcos morrem enxutos", assinando uma fotografia de barco chamado "Felicidade dos Anjos". Assim, num texto sentido:
Os barcos jazem postos nos portos, varados, arrumados
de passado a tiracolo,trespassados por cinco balas de terra junto ao colo:
os barcos morrem enxutos.
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